terça-feira, 13 de janeiro de 2015

TIO SEVERINO, FÉ E BONDADE, EM UM CORAÇÃO PURO.

Embora houvesse conhecido tio Severino, quando criança, formou-se um grande hiato, até vê-lo pela segunda vez, quando em situação de dificuldades no matrimonio, passou a morar na casa dos meus pais, e ser companheiro inseparável dos sobrinhos que tinham a mesma faixa de idade na adolescência: Eu, Marcos (irmão), Gilberto (tio Tarcísio), Ivo Jr., e o primo José Sávio (in memorian), que morava conosco.

Viveu por muitos anos no Ceará, de profissão militar, exerceu o cargo de delegado em muitas cidades, de maneira integra e humanitária, sem nunca ter entrado em conflitos, inerente da profissão. Era uma grande incógnita para nós, como conseguiu ser policial até a reforma, com uma personalidade tão contrária ao autoritarismo que demanda a profissão.

Foram tempos maravilhosos, em que descobri uma pessoa fantástica, manso de coração, fé inconteste. bondade de samaritano, e as vezes de uma inocência angelical.

Comprovando este fato, minha mãe conta, que quando criança, ele tinha uma jumentinha de nome bolinha, de quem gostava muito. Tendo esta ficado doente, ele começou a rezar em voz alta, para Nossa Senhora, de quem era devoto e prometeu: "Nossa Senhora, cura bolinha! Se ela ficar boa, a outra pessoa não, mas a senhora, eu deixo dar uma voltinha, montada nela!

Ocupou em nossa casa, um quarto vizinho ao meu, que tinha uma porta de comunicação, que ficava permanentemente aberta, que permitia uma comunicação e brincadeiras, todas as noites, até a hora em que dissesse que ia rezar. Descobri e permanece ate hoje no meu conhecimento, o homem que rezava mais bonito, e por mais tempo, em voz alta, palavras sinceras e humildade ao pedir.

Recomendava um por um os irmãos, filhos, sobrinhos etc. vivos, enaltecendo as qualidades e colocando as dificuldades de cada um, e depois igualmente pelas almas de todos os ente queridos já falecidos. Orações e recomendações que chegavam a durar até duas horas,

Geralmente aos sábados saíamos para a farra, e as vezes se excedia, tomando umas a mais, deixando transparecer um grande sofrimento, pela separação, chorava, falava em Avanir, pedia para eu cantar, musicas de dor de cotovelo. No entanto, nunca esquecia de rezar, mesmo com palavras tropegas.
Em uma noite destas, adormeceu e passou a roncar de maneira muito estranha, quando mamãe percebeu correu até o seu quanto, e viu que estava engasgado com a prótese dentária, sendo salvo por milagre.

De uma sensibilidade intensa, chorava por tudo, e compadecia de todos. As vezes por brincadeira os meninos começavam a fazer discurso, exaltando suas qualidade, bravura como polícia ou falando do sofrimento de um de nós, por um fim de namoro ou qualquer coisa, para ele chorar.

De repente, deixou de sair conosco e passou a sair mais vezes e sozinho, até que avisou que iria morar com uma jovem de nome Francisca, que tinha um filho pequeno, e era muito bonita e de pernas torneadas, recobrando a alegria e felicidade. Tinha muito ciumes e não queria que os sobrinhos frequentasse sua casa, preferia nos visitar.

Um colega de trabalho que tinha um filho extra conjugal, as vezes comentava que o velho viajou para receber dinheiro, hoje eu visito a galega. Até que um dia, tio Severino, chegou na empresa, e me perguntou, quem era fulano? mostrei-o , e ele pediu que eu falasse com ele, pois quando viajava, ele ia perturbar Fanquica ( não conseguia dizer Francisca).

Casado com Avanir, teve os filhos : Wilma, Conceição, Hélio e Francisco (adotivo).

Morreu na cidade de São Rafael -  RN , onde residiu os últimos anos, de mal súbito.

Tio SEVERINO, você é inigualável, muitas saudades!

Depois de um longo período afastado, por uma pequena chateação, pois escrevo o que conheci, enquanto que alguns queriam registros de fatos que desconhecia.                                                   Encontrando-me enfermo, resolvi retomar minhas postagens, pois tenho que completar a lista dos meus tios, que fizeram parte de minha vida e formação, para puro deleite meu e informação para os familiares que ama sua família e sua origem como eu.