sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PICOLÉ DE SAL

Na feira da cidade, que ocorria aos sábados, a movimentação era muito grande, montada no mercado central que era ocupado por comerciantes locais, com lojas fixas dos diversos seguimentos, farmácia, bares etc. e o espaço interno por agricultores e agro-pecauristas que vinham vender sua produção sendo muito comum o escambo entre êles.
Mas quem chamava mesmo a atenção, eram as pequenas bancas dos mercadores e mascates, que vendiam de tudo: joias, relógios, brinquedos, tecidos, calçados, aviamentos, perfumaria, maquiagem etc. Existiam também doceiras a vender café, bolos, biscoitos, tapiocas e os mais diversos doces, os verdureiros, os vendedores de animais abatidos e vivos, e as pequenas bancas de bebidas e tira-gosto, não esquecendo as bancas de jogos de dados e roleta.
Fim de feira muita algazarra e sitiantes bebados a falar alto, voltando para casa com o seu abastecimento, em lombos de burros, e quase como uma procissão a passar em frente a nossa casa, fazendo cumprimento: boa tarde compadre! boa tarde comadre! obrigado pelo o almoço. Muitos deles traziam pequenos mimos para mamãe, gerimum, batata, frutas, e as vêzes galinha, peixe etc.
Havia um compadre, que só voltava bebum, parava e perguntava: comadre Terezinha gosta de gualhaba (goiaba)? diante da resposta positiva, dizia na próxima semana vou trazer gualhaba para a comadre, lá em casa é lama! Nunca trouxe, e um dia ao fazer a mesma pergunta, mamãe respondeu : "não, compadre! você, já trouxe tantas vêzes que enjoei!
Era também a feira, divulgadora de novidades e novas tecnologias, tipo relógio a prova d'água, em .
que o vendedor deixava um mergulhado em um copo com água para demonstração.
Bom mesmo, era quando a novidade era uma inguaria, para a alegria das crianças, Certa feita aparareceu um vendedor de sucos artificiais de groselha, uva, laranja etc. e as crianças quase lascam o buxo de beber tanto suco, que pediam pela cor, amarelo queimado (laranja), roxo(uva) ou encarnado (groselha), sendo este ultimo o mais popular,  e haja lingua colorida!
Mas a sensação foi o aparecimento do picolé! A cidade não tinha energia, não existia isopor, para conservação. Vinham da cidade de SOUZA /  PB que ficava aproximadamente, 70 KM de distância, acondicionado em caixotes de madeira, forrado com raspa de serraria, sobre barras de gelo com muito sal, (técnica milenar) que faz com que o gelo, demore a derreter.
Novamente o encarnado era o preferido. O picolé era primeiramente limpo das raspas de serraria, e quando chupados, sentia-se o gosto de sal, depois um gosto distante da fruta e por fim. ficava só a pedra de gelo.
Engraçado era o comentário de todos, É MUITO QUENTE!
 

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