quinta-feira, 19 de julho de 2012

A ERA DO RÁDIO

Ter rádio em nossa cidade, era uma verdadeira odisséia, além de muito dependioso. Ainda não existia rádio a pilha, e a cidade não tinha energia elétrica, portanto os rádios funcionavam com bateria de automóvel, cuja carga era de aproximadamente 8 horas e necessitavam de energia elétrica para recarregar, com o uso de um aparelho chamado, "dunga" ou "tunga", nunca soube o certo.
O primeiro rádio, surgido pelos anos de 1953/54 pertencia ao estafeta da cidade, Sr. Julio Fontes, que instalou no quarto de sua casa, e era exclusivo, pois escutava, com o ouvido colado ao mesmo.
O segundo foi o do meu pai, que tornou-se a grande novidade e divertimento de muitos da cidade.
Para que funcionasse em média 7 horas por dia, as vêzes mais, as vêzes menos, de acordo com a carga, dada na bateria, era necessário ter 7 baterias e um esquema sicronizado para que não faltasse baterias carregadas,
O misto do Sr. TOZINHO, transporte de carga e passageiros, fazia linha MOSSORÓ / LUIZ GOMES, 2 vêzes por semana, e na parada em José da Penha, que era em frente a nossa casa, meu pai mandava três baterias para carregar na casa de sua tia América, de maneira tal  que tinha uma instalada no rádio, três carregadas em casa e três sendo carregadas, na casa da tia.
Cinco horas da manhã meu pai colocava o rádio no batente da janela e já tinha uma numerosa platéia de senhores da cidade, para um programa de rimas e violeiros, todos conduzindo seu próprio banco ou cadeira, e embora hovesse simpatia e torcida por um determinador violeiro, durante a rima, o silêncio era total. Os violeiros sabiam da existência dos fãs, de maneira tal que durante a contenda, ponteiavam as violas por alguns instantes, dando margem para vibrações e falas.
Por volta das 13 horas, era novamente ligado, e o interesse maior era dos jovens ou pessoas em busca de notícias, geralmente de parentes, que foram para consulta ou tratamento em Mossoró.
O programa chamava-se notas e avisos, e tocava muitas musicas, oferecidas aos aniversariantes do dia, namoradas, pais, filhos etc. Era para muitos motivo de muito orgulho, ter seu nome citado em um oferecimento. ìa até as 15 horas.
19 horas, "A HORA DO BRASIL"! voltam os homens e os comentários políticos, coisas que as mulheres, não davam a menor importância. Terminado este programa vinha a parte mais concorrida, em que envolvia toda família, a radio novela "JERÔNIMO O HERÓI DO SERTÃO".
Alguns dias a carga, acabava, antes do término da novela, e todos ficavam a lamentar, mas na maioria dos dias sobrava, e o dial sintoniza a RÁDIO SOCIEDADE DA BAHIA, que tinha o melhor sinal e apresentava um programa estilo saudosista, com belas canções, patrocinados pelo guaraná FRATELLIVITA, cujo tema de abertura era uma musica,  que dizia assim: eu vi em uma vitrine de cristal, sob um soberbo pedestal, uma boneca encantadora... creio que o nome era este, boneca!
Aos pouco o radio parecia ser de um outro planeta, e soltar sons guturais: toinnnnnn   zummm, innnnnn etc.etc.
Bateria trocada imediatamente, para o dia seguinte, sendo que todas elas, deviam ficar sobre uma prancha de madeira, pois não podiam pegar resfriamento do solo.
E  VIVA O RÁDIO! UMA DAS MAIORES INVENÇÕES DA HUMANIDADE, E ATÉ HOJE REVOLUCIONÁRIA.

Um comentário:

  1. Painho, to adorando ler os causos.
    Por mais que sempre escutasse as historias de sua infancia, tem muitas coisas que eu ainda não sabia como eram.
    Muito bom acompanhar tudo isso e perceber melhor como se passavam as coisas.
    Amo tuuuu!!!

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