sexta-feira, 20 de julho de 2012

AS COMADRES, SÃO MAIS FIÉIS!

Como toda grande empresa, a CIA. ALFREDO FERNANDES, tinha interesses políticos e solicitava dos seus gerentes, o apoio para determinados candidatos. Era notório que candidato apoiado por meu pai, tinha no mínimo 80% dos votos da cidade.
Meus pais e seus acessores mais diretos, viravam cabo eleitoral, com destribuição de santinhos, chapas marcadas etc. e trabalho intenso no dia das eleições, fiscalizando, providenciando a locomoção e refeição dos eleitores.
Nossa casa era parada obrigatória de todos candidatos, apoiados ou adversários, que saiam em campanha pelo interior, aonde faziam refeições e até dormiam.
Lembro de uma vez em que um candidato a deputado estadual, que morava na região, pernoitou em nossa casa. Mamãe escolheu  a melhor rêde, branca com varandas de crochet, perfumada e guardada em bau, pois afinal êle era médico, e médico até hoje é a coisa que ela gosta mais.
Armada na grande sala de estar, após o jantar o homem foi deitar e ao tirar os sapatos, a catinga do chulé, espalhou por toda casa, e mamãe que estava grávida, aliais ela sempre estava, era um por ano, começou a dar engulhos.
Não precisa dizer, que a rêde, passou por várias lavagens e quase foi descartada.
Em um determinado ano eleitoral, a firma mandou seus funcionários fazerem campanha para deputado federal, para o médico Tarcizio Maia, e eis que um dia surge lá em casa um primo de mamãe, Xavier Fernandes, que concorria ao mesmo cargo., a quem ela prometeu apoio.
Meu pai não gostou nem pouco da idéia, mas permitiu que votasse no primo, desde que não pedisse votos para êle. Como as mulheres da época não tinham engajamento político a campanha focava sempre o patriarca da família, que praticamente forçavam esposa e filhos, a acompanha-los.
Minha mãe era depositária e distribuidora dos alimentos que vinham da ALIANÇA PARA O PROGRESSO, acordo de ajuda a população carente, assinado entre o governador Aluizio Alves e Kennedy presidente dos Estados Unidos.
Alimentos de rico, coisa que a população pobre nem conhecia, era distribuido:leite em pó, queijo suisso, manteiga, farinha de milho, macarrão buzio (até hoje este tipo de macarrão, êles chamam de bugre), e capsulas de óleo de figado de bacalhau.
Ao fazer a distribuição minha mãe falava para as comadres, que votassem em Xavier Fernandes, que era seu primo, que o mesmo garantiu que aumentaria a cota de alimentos. Conversa ao pé do ouvido, as comadres igualmente participavam aos filhos, noras, genros etc. sem que os esposos soubessem.
Abertas as urnas, XAVIER, teve mais votos do que Tarcízio,  e pela primeira vez em 39 anos que foram casados, vi meu pai bravíssimo com ela, simplesmente ficou mudo, durante uma semana. Precisava ver a sua agonia, como se explicar perante a firma?
Os homens da cidade perderam! AS COMADRES FORAM MAIS FIÉIS!

Um comentário:

  1. Taí de onde saiu toda a luta de Dindinha pela política... Seguindo os passos de vovó e indo atrás do que acreditava. ;)

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