quinta-feira, 19 de julho de 2012

CULPA DA MÃE !

Um amigo psiquiatra, disse que todos os grandes medos e traumas, herdamos da mãe!
Afirmo que alguns, tenho certeza  absoluta, embora tenha curado o meu medo de relâmpagos e trovões.
No mês que antecedia o período de inverno, mamãe cortava pacientemente câmeras de ar, sem serventia,  de bicicleta ou carros, em tiras, e enrolava todos os armadores de rêde da casa, dizendo que era para isolar.
Se preparava o tempo para chover, juntava toda a prole, em numero de oito (ANTONIO - MARIA DAS GRAÇAS - MARCOS - MARIA DE FÁTIMA - LUIZ ANTONIO - MARIA CRISTINA - MARIA VÂNIA E JOSÉ ANTONIO) acrescida anos mais tarde, com o nascimento do temporão RICARDO FRANCISCO.
Tinha-mos que ficar quietos e calados em cima da cama, não podendo colocar os pés no chão, pois estáría-mos isolados.
A cidade de José da Penha, tem um relêvo interessante, altos e baixos, sequenciais e em distâncias curtas, e as nuvens de chuvas, pareciam sempre muito próxima do chão, e os trovões eram estrondosos e tinham eco prolongado. Na minha infância presenciei por duas vêzes, chuvas com granizo.
Minha mãe mantinha um grande estoque de palhas benta, no domingo de ramos, e ao primeiro sinal de chuva forte, já atirava ao vento e a cada relâmpago, invocava Santa Bárbara. Dava dó, ver o estado de nervos que a coitada ficava, durante a invernada.
Certa feita o seu irmão Paulo Marcelino, estava nos visitando, quando o céu ficou muito escuro, fazendo com que a tarde, parecesse noite e caiu a maior tempestade que já presenciei em minha vida, com chuva torrencial, ventania, relâmpagos e trovões, excepcionalmente grandes, verdadeiro dilúvio.
O circo foi armado em cima da cama, e minha mãe totalnente ensandecida a gritar, aíiiiiiiiiiiii, vou morrer! Lula, joga palha benta ao vento aíiiiiiiiiiiiiiii Santa Bárbara! valha-me N.S. Jesus Cristo! meninoooooooooooo, cala a bocaaaaaaaaaaaaa. Enquanto isto, tio Paulo tomava banho em uma bica forte na lateral da casa, e a cada relâmpago e trovão, gritava: chuvaaaaaaaaaaa, mãe de Deusssssssssss., e ela: Pauloooooooooo meu irmãooooooooo, você vai me matar... para Paulo, Santa Bárbara, joga palha ao vento, menino cala a boca!
E de repente, granizo, as pedras de gelo quebravam telhas e caiam dentro da casa, e aí, até tio Paulo teve medo.
Terminada a tempestade, deu para comprovar a intensidade da mesma, dado o numero de árvores arrancadas, inclusive duas mangueiras, que tem raizes fortes e profundas.
Foram muito dias para recuperar deste trauma, que carreguei até a idade adulta, e ainda com quase 40 anos, se estivesse em casa, ao menor sinal de chuva, caía dentro de uma rêde, com um lençol no rosto.

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