VIVENDO NO ESCURO
Apesar de ter um motor gerador de energia, este só funcionava durante o novenário do santo padroeiro, São Francisco, quando o prefeito comprava uma certa quantidade de óleo diesel, que permitia a cidade ficar iluminada das 18 as 21 horas, e na noite do grande baile, até as 0:0 horas.
Este era o preço que pagávamos por ser uma vila, e as atenções serem exclusiva para a sede do município.
Sempre sobrava um pouco de óleo para as situações emegênciais, e se de repente as luzes acendessem, em qualquer dia fora deste período, era certeza que alguém estava sendo velado em sua ansia de morte ou já havia morrido.
Se tinha algum habitante sofrendo de doença crônica terminal, e as luzes acendiam, todos já se dirigiam para o velório, povo muito bom e solidário.
Muito raramente, vinha um time de futebol de cidades vizinhas, e a noite era oferecido um baile aos visitantes. Se não tivesse óleo, previamente os comerciantes da cidade, se cotizavam e compravam.
As casa eram iluminadas por candieiros, lamparinas e piracas (lamparinas muito grande, que provocava muita fumaça e carbonização), alimentadas com querosene, que dava uma queima muito mal cheirosa.
Algumas poucas casas tinham uma lâmpada encandecente, que funcionavam com uma camisa carbonizada, alcool e ar, que era bombeado, para dar pressão a cada meia hora. Tipo as lampadsas usadas hoje em acampamentos e que funcionam com gás butano.
Em nossa casa tinha uma dessas, que era colocada no centro da sala principal, presa a um arame grosso, que pendia de uma linha de aroeira, que repartia a sala ao meio. Para quem era acostumado a viver no escuro, parecia ser uma luz muito forte, que se expandia pela nossa calçada, através da porta principal e janelas que ficavam abertas.
Adultos e crianças ocupavam espaços diferentes na calçada, aonde rolavam brincadeiras, histórias, charadas, advinhações, piadas e muita conversa.
Noite de lua cheia, era uma festa, para a criançada, que tinha permissão de se distanciar de suas casas, até o limite que os olhos dos pais alcançasse.
Pelos idos de 60, já como município, chegou a enegia de Paulo Afonso.
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