quarta-feira, 17 de outubro de 2012

QUE BICHINHO É ESTE

Os bons moços da cidade, que partiam para trabalhar no Sul do país, grande numero voltava antes de completar um ano, e os que lá permaneciam, davam um jeito de vir pelo menos uma vez por ano, de preferência em periodo festivo: padroeiro, Natal, Ano Novo, Carnaval ou Semana Santa.

Alguns, melhores sucedidos lançavam moda, com roupas de tecidos finos, calça de tropical ou nycron, aquela do senta, levanta, senta, levanta, que não amassava nunca ou camisa volta ao mundo,  que não absorvendo o suor, escorria do pescoço, até o rego da bunda. Diferente dos que aqui moravam, que usava mescla, mesclita, brim ou cambraia.

As vêzes, apareciam uns mais mostrados, que vestiam as belas jaquetas e blusões de frio, em pleno sertão nordestino, com quase 40*., sapatos vulcabrás, e óculos de sombra espelhados, afinal era a afirmação da mudança de status.

Nova maneira de falar, muitas gírias, e sotaque paulista ou carioca, dependendo da plaga de origem, não importando muito o tempo de permanencia, as vêzes, 6 mêses, era o suficiente para a formação de uma nova expressão cultural, e incorporação de novos hábitos.

Este modelo, servia de exemplo e despertava o desejo de outros jovens, que partiam para uma aventura no Sul, e o conhecimento da realidade cruel, que era viver em uma metrópole, longe dos familiares, muitas vêzes desejando voltar, mas faltava o dinheiro da passagem.

Ficavam rezando para pegar uma carona com os filhos de seu Elízio: Sandoval, Edmilson, José Maia ou Luizinho, que vez por outra viajavam para São Paulo.

Certa tarde, chegou um jovem da família Soares, depois de uma permanência de 6 mêses, na cidade maravilhosa, com sotaque totalmente carioca, tanta gíria, que é era difícil entender o que dizia, causando furor até ao próprio pai.

Na noite deste mesmo dia, ocorreu um jantar na casa do preifeito, Sr. Osório Estevão, e ele, achou por bem participar, e sentou-se ao meu lado. Como entrada foi colocado, alguns pratos com umas bolachinhas pequenas, conhecida como: bolacha peteca, quando de repente o moço pediu-me: Toinho, por favor, passe as fichinhas. Fiquei sem entender, e repetiu com aquele chiado peculiar do carioca, as fichinhas, as fichinhas, e apontou para as bolachinhas.

Casa simples, sem água encanada, sem pia, para lavar o rosto, era costume pela manhã, lavar em uma bacia, e levar uma caneca com água para o quintal da casa, para escovar os dentes.

Cumprindo o ritual, o jovem dirigiu-se ao quintal com escova e água, quando deparou-se com a jumenta que antes ele, botava água em casa, com cangalha e duas ancoretas (pequeno barril de madeira), virou-se para o pai, e perguntou: "pai, que bichinho interessante é este?"O pai, já de saco cheio cheio, rspondeu: "É SUA MÃE, FILHO DE UMA ÉGUA!"

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