sábado, 13 de outubro de 2012

SÍTIO BAXIO

Adorava passar as férias no Sítio Baxio, no pé da serra de Luiz Gomes, de propriedade do primo de meu pai, Calixto Lopes, filho dos tios Ernesto Fernandes e América Lopes.

Terra rica, com muitos atrativos para uma criança, encantada com a vida da roça e as multiplas oportunidades de brincadeiras e lazer.

Calixto, era uma pessoa maravilhosa, muito tranquilo e de mansidão de cordeiro. Convivia com uma diabetes insulino dependente, que vez por outra descompensava, provocando crises de hipoglicemia.
Muito amigo de meus pais, era muito frequente, lá por casa, a quem mamãe dedicava toda atenção e cuidados alimentares, e nós na sua, principalmente na época da moagem.

Sua esposa Elita, hoje,. quase centenária, de baixa estatura e compleição física pequena, compensava com determinação, organização e controle absoluto sobre as coisas da casa e os muitos filhos: Hugo, Ivone, José Sávio (meu irmão muito querido, de saudosa memória), Gilberto, João Batista e Ernesto.

Embora os meninos tivessem os afazeres, tais como: botar água em casa, tanger gado para o pasto, beber, curral etc. não era empecílio para que aproveitásse-mos para brincar, passarinhar e pescar, enquanto o gado bebia. Nas horas vagas, muitas brincadeiras, banho de açude e futebol, jogado no grande pátio a frente da casa.

O terreno de baxio, era um verdadeiro Oásis, muitas fruteiras, plantação de cana de açucar, e a vazante do açude, que não parava de produzir, batatas, gerimuns, e tudo que plantasse.

Por trás da parede do açude, muitas bananeiras e os araças dulcíssimos, que embora houvesse a advertência para não comer muito, para não ficar entupido (privado), não conseguia parar, até que enchesse a pança.

Tudo era fartura, o açude muito piscoso, vez por outra, se fazia necessário diminuir o volume de peixes, que era tanto, que não paravam de saltar. Tinha o comprador certo, que vinha com sua equipe, fazia um dia de pescaria com redes, que eram estendidas, e a equipe a bater na água, para que o peixe malhasse.

Este era para mim, um dia maravilhoso, nunca ví tanto peixe junto, que enchia a caçamba de uma caminhoneta.

Duas da tarde, aquele lanchinho maravilhoso, com bolo, café fresquinho, e os melhores crespos que já comi, sempre com a presença atenciosa de Elita, que falava baixinho e de maneira muito carinhosa.

Vez por outra íamos ao Baxio de Cima, de propriedade de tio Ernesto, para pescar no grande açude, onde diziam existir Pemas, com quase 10 Kg. Nunca consegui pegar, nem de 1 kg.

Dos filhos de Calixto, José Sávio, João Batista e Gilberto, estavam mais próximos de minha idade, e eram os companheiros, nas maiorias das bricadeiras e fabricação de gaiolas a alçaplans de palha de coqueiro, cujo furos, por onde devia passar o palito, era feito com uma suvela ( pedaço de arame rígido, com a ponta afinada em uma pedra e cabo de sabugo de milho).

O engenho era o que havia de mais magnífico, mas este é um capítulo à parte...

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