domingo, 14 de outubro de 2012

SAINDO PARA ALMOÇAR!

Um certo compadre do meu pai, embora tivesse uma das melhores condições da cidade, morando em casa boa e central, era conhecido por sua avareza, sendo mesquinho até para comprar as coisas mais básicas.

A mulher e os filhos, não passavam fome quantitativa, mas com certeza passavam fome qualitativa, alimentando-se basicamente de feijão e mugunzá.

Na época do inverno, a alimentação era melhorada, com o gerimun, batata, maxixe etc, produzido no terreno da família, bem como na safra de frutas.

Diziam, que ele nunca comprava a mistura: carne, frango, peixe, e nem tão pouco as verduras que eram vendidas na feira da cidade.  O maximo de extravagância que fazia, era comprar um corredor de boi (osso da perna) que era amarrado em um cordão, sobre o fogão, e mergulhado na panela do feijão durante a fervura, para dar gosto, e depois suspenso para ser utilizado nos dias seguintes.

No entanto, o compadre, saia todos os dias para almoçar fora.

Como era de hábito o almoço do sertanejo, era servido entre as 10 e 11 horas, e pontualmente as 9 horas, o compadre selava a sua burrinha e saia para o passeio matinal (digo: comerçal). Andava lentamente e parava sempre que visse alguém fora de casa, a espera do primeiro convite :" se apei, homem! " (desça do cavalo).

Ficava como quem não quer nada, jogando prosa fora, e quando percebia que a mesa estava servida para o almoço, iniciava o teatro, dizendo que já ia, pois o pessoal de casa estava a espera para almoçar, pois sabia que por educação e prazer em bem receber, tão peculiar à aquela gente, o convite para almoçar seria feito.

Ao ouvir as palavras mágicas: " fique para almoçar com a gente, nos dê este prazer!" não se fazia de rogado. Farto do almoço, não pagava nem com conversa, pois tinha uma rede em casa a espera.

Se por acaso alguma das casas tivesse um almoço parecido com  o da sua, era imediatamente eliminada, o que proporcionou com o tempo, uma seleção das que melhores passava, com comida farta e boa.

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