quinta-feira, 11 de outubro de 2012

TUDO É CIUME, CIUME DE VOCÊ, CIUME DE VOCÊ...


Um dos casais de compadres, mais queridos de meu pais, era o Sr. Lauro Borges e sua esposa Milica, de grande prole, maioria mulheres. Moças muito prendadas, principalmente na arte do corte e costura e bordados, sempre cheias de encomendas, que pela perfeição, extrapolaram as fronteiras de José da Penha e finalizaram com grande sucesso na capital alencarina.
Darci, Enide, Nice (fui secretária do meu pai, na firma), Edízia e outras, além de Divá (in memorian) e Nô

Seu Lauro, era um homem destemido, muito trabalhador, respeitoso e respeitado por todos, que vivia da exploração de um pequeno terreno, no sítio Angicos, e da compra de algodão, e que eventualmente gostava da loira gelada, e vez por outra, tomava algumas com meu pai, a quem convidava para ir na sua casa, sempre acompanhado de uma gostosa galinha ou peixe, que trazia do açude de angicos.

A ultima vez que o vi, tinha mais de oitenta anos, fui chegando e dizendo, falaram-me, que nesta casa não falta cerveja gelada, respondeu: nunca! foi abrindo a geladeira e trazendo duas, super gelada, e perguntando: mas quem é você? feito a identificação, a alegria foi a maior do mundo, e tomamos as frias.

Dona Milica, muito apaixonada, tinha muito ciumes, e ficava arranjando namoradas para o mesmo, até que um dia o maldoso, aproveitando a sua insegurança, resolveu dar uma ajuda.

O funcionário dos correios, Sr. Julio da Mata, entregou um telegrama, endereçado ao Sr. Lauro, que encontrava-se no roçado, a sua esposa. Como telegrama, geralmente trazia notícias ruins, e diante do fato de ter filhos e parentes, morando no Sul, foi logo abrindo, quase desfalecendo com o que lêra.

"CARMINHA, VIAJA AMANHàPARA CAÍCO.
ASSINA: PITINGA

Coitada! ficou super angustiada, inquieta, não parava de olhar para a rua, à espera do pobre homem, que ao chegar, foi recebido com a pergunta a queima roupa: "QUEM É ESTA TAL DE CARMINHA ? ficou sem entender nada, antes de qualquer explicação, vinham as acusações, "eu sabia, tinha certeza que tinha outra" olha aqui a prova! e balançou o telegrama, leia!

Leu e não entendeu, sei lá quem é esta tal de Carminha, e muito menos quem é Pitinga! Vamos falar com Julio da Mata, e seguiram os dois juntos e foram logo pedindo explicação: Julio, de quem é este telegrama?
- é para o senhor
- mas quem mandou?
- veja o que está escrito aí.
- leram quase que em uníssono
- não é nada disso não! não sabem ler? vou ler para vocês.

CAMINHÃO, VIAJA AMANHÃ PARA CAICÓ
ASSINA: PITANGA

Pitanga era proprietário de um caminhão e transportava o algodão comprado, pelo Sr. Lauro.
O SR. Julio da Mata, além do pouco estudo, tinha uma letra péssima, gerando todo o transtorno, já que escrevera, exatamente o que a bondosa, dona Milica, havia lido.

O nobre casal, viveu por muitos anos, e foram felizes, até que a morte os separou, e de sua decendência tem um bocado, de gente boa espalhda pelo o Brasil, inclusive um neto padre, que do meu conhecimento, é o primeiro filho de José da Penha, a ter vida eclesiástica.



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