quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MEU AMADO TIO FERRER

Dos filhos homens do casal, Antonio  Lopes/ Maria Cecília, era o caçula. Após a viuvez, meu avó contraiu núpcias com Maria (Mãeínha) que trazia o filho, Geraldo e tiveram um outro, tio Chico.
Tio Ferrer, era baixinho, de pele muito branca e olhos azuis de uma beleza profunda e tão penetrantes que chegavam a ser inquisitivos, até porque, quando conversava com as pessoas, as olhava dentro dos olhos, e quando fazia uma pergunta, os seus olhos pareciam dançar, dentro das órbitas.
Muito inteligente, cedo tornou-se comerciante em sociedade com o seu irmão Lili e depois cada qual tomou seu rumo.
Nunca em minha vida, vi alguém no comércio, com tamanho poder de convencimento e indução, difícilmente o cliente saia sem comprar.
Nasceu com o dom da multiplicação, e jovem, já era um comerciante bem sucedido e uns dos maiores da cidade, mas tinha também o dom da divisão em escala maior, e aquilo que ganhava, facilmente fugia entre suas mãos.
Rasgava dinheiro, como dizemos, algumas vêzes de maneira louvável, com atos de caridade, benvolência e auxílio aos familiares mais necessitados, principalmente com o seu pai e destribuia dinheiro com os muitos sobrinhos. Outras, com falsos amigos, aproveitadores e quem estivesse por perto, principalmente quando já tinha bebido um pouco mais, não deixava ninguém pagar a conta, ficava rico e dizia-se o milionário mais novo do estado.
Era o primeiro a comprar os lançamentos de carros de luxo, Aero Wyllis, Simca Chamborde e até mesmo a Kombi. mas não tinha apego nenhum, entregava e emprestava a todos.
Tomou gosto pelas farras, que as vêzes duravam dias, e que geraram um certo desequilíbrio nos negócios, até que Deus, colocou um anjo manso e bom em sua vida com o nome de sua mãe e de seu pai, MARIA JOSÉ ( para todos nós, NIM, apelido de infância)
Quando solteiro andei muito em sua companhia, campo de futebol (êle torcedor do Potiguar e eu do Baraunas), bares e até mesmo lugares menos recomendados. Além de me dar mesada todos os sábados, quando estava bebendo entregava-me a chave do carro, passando a ser seu condutor,com apenas 13 anos de idade.
Casado, passei a frenquentar a sua casa, aonde fizemos muitas domingueiras, jogando cartas e tomando cerveja com muita galinha, que Nim abastecia de vez em quando. Completava o time, papai, Ivo Jr e José Sálvio.
 Ela gostava muito da nossa presença, pois êle não iria para o bar de João Pinheiro ou do crente Isac, que ficava perto de sua casa, e que indo, não tinha hora para voltar.
Algumas vêzes praticáva-mos tiro ao alvo com um rifle 22 da marca Remington acertando tampas e cortando cigarros, eu tinha verdadeira paixão por aquela arma, era linda!
Com os negócios arruinados, aí apareceu o gigantismo daquela mulher tão pequena, que parecia ter 3 metros de altura, que com muita sabedoria paciência e acima de tudo, muito amor, proporcionou  a recuperação dos negócios.
Lembro de uma semana santa que passei na fazenda Furtuna dos pais de Nim, estudava na casa de tio Miguel, que não me deixou ir, com o apoio de tio Ferrer, saí fugido. Vamos que na volta eu falo com Miguel. Foi maravilhoso, pesquei tantas e enormes traíras, que pediram que parasse, pois não tinham aonde estocar.
Ao amanhecer o dia, na hora do café, tinha um prato de queijo de manteiga quentinho, saindo do tacho, em frente de cada cadeira à mesa.
Muito cordato e amigável, passou pela vida, incólume, nunca brigando ou fazendo inimigos, amava todos os parentes, tendo muito carinho com seus tios, principalmente os mais necessitados, tia Lalá, Tio Pretonilo etc sempre molhando as mãos com um dinheirinho.
Vizinho a sua casa, morava o tio Dino, com a sua filha Herculí (Erculí ?) o pobre tio, sofria de hemorróidas terríveis, e este era um assunto sempre em pauta, o que está tomando?, o que está comendo? só para ouvir êle responder: mamão com todas as sementes.
Pai de três filhos, Alexandre, Marcos e Sandrinha, foi exemplo de pai dedicado, carinhoso e presente, sendo estes hoje, verdadeiras joias raras, exemplos de dignidade e amor a família.
Particularmente tenho muito apreço por todos êles, e quando estudantes em Natal, Alexandre e Marcos, moravam em uma republica com o meu irmão Dedé, e sempre que eu ia lá, deixava o da merenda, para todos êles, que morriam de vergonha e não queriam receber, eu sempre dizia: besteira. ainda que fosse mais e tivesse que fazer por muito tempo, jamais conseguiria fazer o muito que seu pai, fez por mim!
Sem duvida nenhuma, entre tantos os tios que eu amava e tinha amizade, tio Ferrer, foi o mais presente, e com quem eu mais andei.
PERDI UM GRANDE AMIGO, TENHO MUITAS SAUDADES...

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